A Globo anuncia nesta sexta-feira (5) os participantes da 24ª edição do Big Brother Brasil (BBB24), numa espécie de “esquenta” para chamar a atenção do público para a estreia do programa, na próxima segunda (8). Mas, comercialmente, a comemoração da Globo veio antes. Isso porque, segundo a empresa, todas as cotas de patrocínio foram vendidas 2 meses antes, e com recorde no número de empresas.
Entre renovações e novas parcerias, ao todo, serão 19 marcas presentes no programa, o maior número já registrado. Os patrocinadores serão: Mercado Livre (MELI34), Stone, Seara, Amstel, Chevrolet (GMCO34), Downy, Esportes da Sorte, Rexona, Ifood, Pantene, Ademicon, CIF, Hypera Pharma (HYPE3), Latam e McDonald’s.
Além destas, também estão confirmadas marcas parceiras em visualizações e dinâmicas ao longo da edição, como Delícia, Nestlé, Oi (OIBR3), Kwai e Electrolux.
Já outras empresas que apareciam na lista da última edição não foram divulgadas entre as parcerias de 2024, como Pague Menos, TikTok e QuintoAndar.
O Big Brother é um dos principais chamarizes comerciais para a Globo, que no ano passado se viu envolta em discussões sobre a relevância do programa para os anunciantes. Isso porque a 23ª edição do BBB atingiu mínimas de audiência, segundo a imprensa especializada. A polêmica sobre um possível menor alcance da atração ganhou força pelo número de votos do público na final da competição, que também foi bem menor. Na edição de 2023, foram cerca de 76 milhões, contra 730 milhões em 2022 e 633 milhões em 2021.
Mas, enquanto isso, a Globo celebrava recordes comerciais em meio ao acréscimo nas performances do Globoplay, do gshow e do g1 por conta do programa. Agora, em nota enviada ao InvestNews, a Globo reforçou que “o alto índice de renovações e a entrada de novas marcas patrocinadores do programa ressalta a relevância do BBB, tanto para o público quanto para as marcas, e a grande experiência da Globo em produzir realities de sucesso”.
Uma das empresas que renovou patrocínio no BBB foi a Ademicon, que terá três aparições no programa, além de mídia e ações de conteúdo em diferentes canais da Globo. O investimento foi de mais de R$ 20 milhões no patrocínio.
“Queremos contribuir para fortalecer e consolidar a marca nacionalmente além de aumentar o conhecimento e a visibilidade do produto consórcio”, disse em nota Tatiana Schuchovsky Reichmann, CEO da Ademicon.
“Ao participar do BBB, conseguimos atingir um público maior e mais jovem”.
Tatiana Schuchovsky Reichmann, CEO da Ademicon, em nota
Segundo a empresa, no ano passado, a marca alcançou aproximadamente 110 mil sessões em seu site durante as três ações de conteúdo no BBB e aumentou em 12 mil o número de seguidores no seu perfil oficial no Instagram.
Desafios pela frente
Enquanto gigantes mundiais de mídia como Disney e Netflix buscam entender como adaptar o consumo de conteúdo a novos hábitos do usuário, no Brasil a Globo tem feito o mesmo.
Mas o cenário segue desafiador, conforme destacou a Fitch em relatório no final de dezembro, mencionando “os resultados operacionais voláteis da Globo, a sua rentabilidade mais baixa em comparação com os seus pares internacionais com grau de investimento e a tendência desafiadora da indústria para a fragmentação da audiência em plataformas de distribuição digital e linear e o declínio da base de assinantes de TV por assinatura”.
Mas a agência de classificação de risco diz que “esses fatores são mitigados pela política financeira conservadora da Globo, refletida em seu saldo de caixa líquido, melhor desempenho em 2023 e forte posição competitiva no setor de mídia brasileiro com sólido conteúdo local (incluindo eventos e shows ao vivo), um mercado ainda caracterizado pela TV aberta como a plataforma de publicidade mais dominante no Brasil e a estratégia multiplataforma e direta ao consumidor da empresa”.
O relatório cita ainda que “a estratégia da Globo para enfrentar as mudanças de mercado e o declínio de seu negócio tradicional de transmissão de TV incluiu investimentos em eventos ao vivo, produção local, estratégia digital e serviço de vídeo sob demanda por assinatura Globoplay”.
A expectativa dos especialistas da agência é que fatores como crescimento da receita de publicidade e iniciativas de custos gerem à Globo um Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) entre R$ 1,1 bilhão e R$ 1,2 bilhão em 2023, numa recuperação frente aos R$ 60 milhões negativos em 2022.
Ainda sobre os números da companhia, a Fitch diz que a Globo “possui uma das estruturas financeiras mais fortes da região, com caixa e equivalentes de R$ 13,8 bilhões, substancialmente superior à sua dívida total de R$ 5,4 bilhões no terceiro trimestre de 2023”. A Fitch atribui nota BB+ para a Globo e pontua que, na comparação com pares internacionais, os desafios para a empresa brasileira são maiores.
“Em comparação com empresas de mídia com grau de investimento sediadas nos EUA, como Paramount Global (BBB/Estável), Warner Bros Discovery Inc (BBB-) e The Walt Disney Corporation (A-), a menor lucratividade da Globo, a diversificação geográfica e sua alta dependência de recursos cíclicos a geração de receitas publicitárias é um ponto fraco, já que há uma porcentagem decrescente gasta em espaço publicitário de transmissão televisiva brasileira e na penetração da TV paga”.
Fitch, em relatório
“Esta falta de diversificação do fluxo de caixa é compensada pela sua estrutura de capital materialmente mais forte e pela forte posição no mercado interno”, acrescenta a agência.
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